26 agosto 2006

Penso que penso


Caminho em silêncio
Distraído por um pensar
Que me turba o andar
Penso que penso
E fico a ouvir-me pensar
Que penso que penso
Este pensamento
Torna-se um tormento
Penso que penso
Que penso que penso
Sempre o mesmo dobrar
Como vozes a segredar
Penso que penso
Que penso que penso
Que ainda vou flipar
Flipar

Estou farto de mim Estou farto de mim
Estou farto de mim Estou farto de mim

Já não posso mais andar
Com tanta voz a murmurar
Levado pelo vento
Penso que penso
Que penso que penso
Levado pelo vento
Penso que penso
Que penso que penso
Que penso que penso
E se penso em parar
É mais um pensamento
Que me fica a ecoar
Outra voz a segredar
Outra voz a murmurar
Murmurar...

Murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar
Murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar

Estou farto de mim Estou farto de mim
Estou farto de mim Estou farto de mim

Adolfo Luxúria Canibal | Miguel Pedro
in Mão Morta | primavera de destroços

4 comentários:

Anónimo disse...

Normalmente não sou tão pessimista
como o Pessoa, mas neste caso achei adecuado ...

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis (F. Pessoa)

iké disse...

jcg,

Obrigada pelas palavras. Hoje sinto-me tão triste...

Um beijo

PS - Não esqueci o teu outro comentário! (o da cost functional) :-) Quando estiver mais inspirada respondo...

Anónimo disse...

Posso ajudar? Se precisares de falar com alguém, eu estou aqui.

Um beijo

Anónimo disse...

Bonito sorriso ;-)


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