19 junho 2006

Em Coimbra, dia 29 de Junho
Em Pombal, dia 30 de Junho






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TODAS AS MULHERES SÃO MARIA

1.

Todas as mulheres são Maria. Se não de nome próprio, de condição sim.
Maria, mulher, matriz, mãe: maravilhas e misérias.
Longamente colonizada, essa Maria matricial não deixou nunca, ainda assim ou até por isso, de exercer o seu/dela fascínio imperial sobre o tão mais anónimo quão mais genérico dos seres: o Homem (José, Joaquim, Manuel, João, por aí).

Música é também palavra de M inicial. Não por coincidência, decerto: a primeira das Artes venera, maternalmente, a Maria primeva, primitiva, nativa, matriarca.

E se tudo isto desse disco?

Este o conceito aqui em presença.
Conceito? De concepção.
Concepção? De Conceição, Maria da.

Tantas Marias, quando uma só, afinal: da Natividade, do Socorro, do Patrocínio, das Dores, dos Aflitos, de Si Mesma.

Mais à flor da terra, a ideia é cantar, reinterpretando, diversas “traduções”, masculinas ou não, desse nome encantatório. No projecto aqui exposto, revisita-se, por mão de feminina voz (Mariana Abrunheiro), toda uma colecção de composições que não escaparam ao sortilégio desse nome devindo sinónimo de Fêmea, sem mais. Nem menos.

A ideia é simples, como simples é tudo o que, por ser verdade, conta (e canta) e importa: enumerar as Marias tradicionais e as originais. Numa palavra devolvida ao singular, universal.

Poesia e música operam aqui (assim se deseja) a siamesa forma que do fundo dos tempos as funde sem outra garantia que a de repetir, sem fadiga, a voz inicial e final de uma tal Maria...

2.

Como assim?
Jobim.
E Vinicius, Chico, Zeca Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Zeca Medeiros, entre outros nomes, surgem aliados num elenco que não poderia dispensar o húmus modelar do fado tradicional português. Por exemplo.
Nostálgica agora, exultante depois, o nome de Maria é o elo fundamental do conceito, que é tributo, que é revisita, que é agora.

3.

No todo, e em cada parte, canto e massa instrumental afinam pela matriz já aqui exposta: toda a mulher, todas as mulheres. Maria. De seu/dela José, João, por aí.


------------------------------------------------------------------------Daniel Abrunheiro


Visitem a Mariana aqui. É tão linda!!!


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