30 outubro 2006

Clave de Lua


O movimento dos dois corpos transparentes produziam notas de música com sabor a liberdade. Não havia paredes, não havia interruptores nem porta. Eram eles, o chão e o céu. Espreitava-os uma linda lua, a lua cheia...

29 outubro 2006

a mana mais novita



cácá júnior

foto: iké

27 outubro 2006

Avó Min(h)a


Há 82 anos atrás pelas dezanove horas e vinte minutos, nasceu uma menina, que cedo começou a desempenhar o papel de mulher. Essa grande mulher, que tantas alegrias e amarguras já viveu, mãe de tantos filhos, avó de tantos netos, vive agora praticamente esquecida por todos a quem um dia deu a vida, a sua vida. É triste, mas é a verdade. Esta vida é tão injusta. O tempo corre à nossa frente, todos os minutos parecem segundos e raramente nos lembramos que para algumas pessoas os minutos se tornam horas, horas eternas de solidão.

Minha querida avó-mina, para ti que delineaste a iké, um grande beijinho!



foto de 8 de Janeiro de 1978

24 outubro 2006

Lá em baixo


Lá em baixo ainda anda gente
apesar de ser tão noite
há quem tema a madrugada
e no escuro se afoite
há quem durma tão cansado
nem um beijo os estremece
de manhã acordarão
para o que não lhes apetece
e há quem imite os lobos
embora imitando gente
há quem lute e ao lutar
veja o mundo a andar para a frente

E tu Maria diz-me onde andas tu
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
qual de nós viu a noite
até ser já quase de dia
é tarde, Maria
toda a gente passou horas
em que andou desencontrado
como à espera do comboio
na paragem do autocarro

Lá em baixo ainda anda gente
apesar de ser tão tarde
há quem cresça no escuro
e do dia se resguarde
há quem corra sem ter braços
para os braços que os aceitam
e seus braços juntos crescem
e entrelaçados se deitam
e a manhã traz outros braços
também juntos de outra forma
de quem luta e ao lutar
a si mesmo se transforma

E tu Maria diz-me onde andas tu
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
qual de nós viu a noite
até ser já quase de dia
é tarde, Maria
toda a gente passou horas
em que andou desencontrado
como à espera do comboio
na paragem do autocarro

Lá em baixo ainda há quem passe
e um sonho que anda à solta
vem bater à minha porta
diz a senha da revolta
vou plantá-lo e pô-lo ao sol
até que se recomponha
é um sonho que acordado
vale bem quem ele sonha
lá em baixo, até já disse
que é que tem a ver comigo
e no entanto sobressalto
se me batem ao postigo

E tu Maria diz-me onde andas tu
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
qual de nós viu a noite
até ser já quase de dia
é tarde, Maria
toda a gente passou horas
em que andou desencontrado
como à espera do comboio
na paragem do autocarro

Lá em baixo ainda anda gente
e uma cara desconhecida
vai abrindo no escuro
uma luz como uma ferida
como a luz que corre atrás
da corrida de um cometa
e vejo vales e valados
no sopé duma valeta
lá em baixo ainda anda gente
e uma cara conhecida
vai ateando noite fora
um incêndio na avenida

És tu Maria, eu sei, já sei, és tu
qual de nós faltou hoje ao rendez-vous
qual de nós viu a noite
até ser já quase de dia
é tarde, Maria
toda a gente passou horas
em que andou desencontrado
como à espera do comboio
na paragem do autocarro

Sérgio Godinho

18 outubro 2006




13 outubro 2006


tenho uma caixinha de fantasias

12 outubro 2006

Onde ir


Eu não sei o que vi aqui
Eu não sei para onde ir
Eu não sei por que moro ali
Eu não sei por que estou

Eu não sei para onde a gente vai
Andando pelo mundo
Eu não sei para onde o mundo vai
Nesse breu vou sem rumo

Só sei que o mundo vai de lá pra cá
Andando por ali
Por acolá
Querendo ver o sol que não chega
Querendo ter alguém que não vem

Cada um sabe dos gostos que tem
Suas escolhas, suas curas
Seus jardins

De que adianta a espera de alguém?
O mundo todo reside
Dentro, em mim

Cada um pode com a força que tem
Na leveza e na doçura
De ser feliz

Vanessa da Mata

vertigem




foto: iké

06 outubro 2006

as coisas


As coisas têm peso,
massa,
volume,
tamanho,
tempo,
forma,
cor,
posição,
textura,
duração,
densidade,
cheiro,
valor,
consistência,
profundidade,
contorno,
temperatura,
função,
aparência,
preço,
destino,
idade,
sentido.
As coisas não têm paz.

Arnaldo Antunes

04 outubro 2006

sorriso




foto: iké

01 outubro 2006

a cegonha voltou...


O Miguel nasceu ontem às 23h43m.



foto: iké