29 junho 2006

anjazul


há sempre uma pergunta
je ne sais quoi a brilhar
que nasce no olhar
duma bela mulher.

quando os meus lábios bebem
o vinho do teu olhar
ébrios de desejo
vão revelar.

sou filha do prazer
o amor é minha lei
jogar para perder
eu sei.

alguns pensam que é mal
viver de amor assim
mas sei que vou pecar
até ao fim.

à minha volta
como borboletas
voam os homens
chulos ou poetas.

in partes sensíveis – três tristes tigres
(hollander / versão de regina guimarães)

28 junho 2006


Não podendo gritar o que me apetece, grito só um bocadito...

27 junho 2006

grito


Caramba!...

26 junho 2006

Esse seu olhar


Esse seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar
Doce é sonhar, é pensar que você
Gosta de mim
Como eu de você

Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração
De quem sonhou, sonhou demais
Ah! Se eu pudesse entender
O que dizem os teus olhos

António Carlos Jobim

Sorriso bonito


Palavras marotas misturam-se com o sorriso. Sorriso bonito. Gestos ternos acompanham o sorriso e as palavras. Sorriso bonito. Palavras marotas. Olhar atrevido lança-se com o sorriso, as palavras e os gestos. Sorriso bonito. Palavras marotas. Gestos ternos.

O teu sorriso bonito. As tuas palavras marotas. Os teus gestos ternos. O teu olhar atrevido.

O meu sorriso? De alegria. As minhas palavras? De tonta. Os meus gestos? De desejo. O meu olhar? De encanto.

20 junho 2006

PARA QUÊ?


Tudo é vaidade neste mundo vão...
Tudo é tristeza; tudo é pó, é nada!
E mal desponta em nós a madrugada,
Vem logo a noite encher o coração!

Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisam pelo chão!...

Beijos d’amor! Para quê?!... Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Só acredita neles quem é louca!
Beijos d’amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta!...



Florbela Espanca (Datado de 1917, Évora)

LÁGRIMAS OCULTAS


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q’rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


Florbela Espanca (Datado de 1915/16, Redondo)

19 junho 2006

Em Coimbra, dia 29 de Junho
Em Pombal, dia 30 de Junho






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TODAS AS MULHERES SÃO MARIA

1.

Todas as mulheres são Maria. Se não de nome próprio, de condição sim.
Maria, mulher, matriz, mãe: maravilhas e misérias.
Longamente colonizada, essa Maria matricial não deixou nunca, ainda assim ou até por isso, de exercer o seu/dela fascínio imperial sobre o tão mais anónimo quão mais genérico dos seres: o Homem (José, Joaquim, Manuel, João, por aí).

Música é também palavra de M inicial. Não por coincidência, decerto: a primeira das Artes venera, maternalmente, a Maria primeva, primitiva, nativa, matriarca.

E se tudo isto desse disco?

Este o conceito aqui em presença.
Conceito? De concepção.
Concepção? De Conceição, Maria da.

Tantas Marias, quando uma só, afinal: da Natividade, do Socorro, do Patrocínio, das Dores, dos Aflitos, de Si Mesma.

Mais à flor da terra, a ideia é cantar, reinterpretando, diversas “traduções”, masculinas ou não, desse nome encantatório. No projecto aqui exposto, revisita-se, por mão de feminina voz (Mariana Abrunheiro), toda uma colecção de composições que não escaparam ao sortilégio desse nome devindo sinónimo de Fêmea, sem mais. Nem menos.

A ideia é simples, como simples é tudo o que, por ser verdade, conta (e canta) e importa: enumerar as Marias tradicionais e as originais. Numa palavra devolvida ao singular, universal.

Poesia e música operam aqui (assim se deseja) a siamesa forma que do fundo dos tempos as funde sem outra garantia que a de repetir, sem fadiga, a voz inicial e final de uma tal Maria...

2.

Como assim?
Jobim.
E Vinicius, Chico, Zeca Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Zeca Medeiros, entre outros nomes, surgem aliados num elenco que não poderia dispensar o húmus modelar do fado tradicional português. Por exemplo.
Nostálgica agora, exultante depois, o nome de Maria é o elo fundamental do conceito, que é tributo, que é revisita, que é agora.

3.

No todo, e em cada parte, canto e massa instrumental afinam pela matriz já aqui exposta: toda a mulher, todas as mulheres. Maria. De seu/dela José, João, por aí.


------------------------------------------------------------------------Daniel Abrunheiro


Visitem a Mariana aqui. É tão linda!!!


18 junho 2006

Samba e Amor


Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã

De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar

No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?

Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã

Chico Buarque, 1969




fotos: iké

16 junho 2006

Ideia de infinito


Há em mim uma ideia vincada
De infinito

Como se nunca nada se esgotasse em si
E houvesse cores mais cores

Para além destas cores...
E a cada cor

Eu fosse sensações novas dentro de mim
E fosse ainda mais infinito...

E é nesta ideia
Que eu sou feliz:
---------nunca me acabo
---------e começo sempre outra vez.


Kátia Andrade Simões, O lugar Alado

14 junho 2006

TONTA



foto: iké

12 junho 2006

alcateia


Uma nova fêmea ronda o mato, ela pressente-a. O macho anda irrequieto. Por intuição ela descobre a noviça. O olhar diz tudo.

#6 repouso



foto: iké

#5 relaxe



foto: iké

#4 auge




fotos: iké

#3 explosão nocturna




fotos: iké

#2 excitação



foto: iké

#1 entusiasmo



foto: iké

Apetece-me...


Atreve-te a vir, atreve-te a descobrir, atreve-te!

06 junho 2006

a cácá júnior



foto: iké

05 junho 2006



foto: iké

VÊ SE ADIVINHAS


Ele era um menino
Ou talvez não fosse
Se foi o destino
Que por mim o trouxe

Tinha uma esperança
Feita de magia
E eu era a criança
Que dele nascia

Um sonho ou um verso
Que enfeitava a face
E embalava o berço
De quem o sonhasse

Sei que foi por uma estrada
Que eu vou querer descobrir
Sei que não sei nada
Mas tenho de a seguir

Pra irmos os dois
Deixa uma pedrinha
Mais outra depois
E a estrada é minha

Não deixes migalhas
Olha o passarinho
Se ele vai buscá-las
Eu perco o caminho

Vou procurar
Vê se adivinhas
Quero brincar
Às cinco pedrinhas
Quero te entregar
Uma a uma as pedrinhas
Quero gritar
Que são minhas

Dorme-se um instante
O corpo sossega
Mas a alma errante
Joga à cabra-cega

Finda a brincadeira
Descansam sozinhas
Na tua algibeira
As cinco pedrinhas

Sei que foi por uma estrada
Que eu vou querer descobrir
Sei que não sei nada
Mas tenho de a seguir

Não deixes migalhas
Olha o passarinho
Se ele vai buscá-las
Eu perco o caminho

Vou procurar
Vê se adivinhas
Quero brincar
Às cinco pedrinhas
Quero te entregar
Uma a uma as pedrinhas
Quero gritar
Que são minhas

Quero te entregar
Uma a uma as pedrinhas
Quero gritar
Que são minhas

Tiago Torres da Silva/José Peixoto
(Vê se adivinhas, Pele – José Peixoto com Maria João)

#### :-)

04 junho 2006



foto: iké