30 maio 2006

3RA UMA VE2…


0.
Uma menina...

1.
Um primo para eu brincar! O meu priminho bébé...

2.
Muitos mimos, com toda a certeza.

3.
Mais mimos... só acompanhada por eles é que faz sentido crescer.

4.
Um mano para eu chatear, que bom!
E a primeira prima, e mais outro primo. A turma estava a começar a compor-se, mais tarde seriam as primeiras vítimas reais da minha loucura pelo ensino.

5.
Ele, o meu amigo, tinha um rato branco com que nos entretínhamos a brincar. E havia a nossa árvore das necessidades, o espaço era dividido irmãmente, eu no lado esquerdo ele no direito.

6.
Lembro-me de subir as escadas até à sala onde estavam outras meninas e meninos. Alguns, por não entenderem a razão pela qual os abandonavam ali, choravam desalmadamente...

7.
O monte era o nosso mundo das brincadeiras, meu e da amiga que nunca mais vi. Tantas cumplicidades...

8.
Pastelinhos de nata ao lanche, no intervalo da aula. A avó-mina tinha de trazer também uma colher do café, até hoje só assim me sabem bem os pasteis de nata - comidos à colherzinha.
Nesta altura, já eu começava a dar aulas. Os alunos eram imaginários, o quadro era real e construído especialmente para mim. Meu querido avô Pincel, que davas asas às minhas fantasias!

9.
No recreio, lembro-me de brincar à carica e ao berlinde. Na aula, levávamos uma reguada por cada erro dado no ditado.

10.
O monte dos vendavais. O nosso monte. A bolinha...

11.
A primeira paixão platónica. Como as outras que viriam mais tarde, durou e durou e durou...

12.
As asneiras inocentes. Era o tempo das experiências.

13.
O monte da escola. Maluquices atrás de maluquices.

14.
A Barragem de Santa Luzia. Deliciosos momentos, eternas saudades.

15.
Paixões ingénuas. Muitas e muitas, que assim é que se queria.

16.
O significado da palavra amizade. Meu grande amigo.

17.
O comboio efectua paragens em Aveiro, Espinhigaia. Minha grande amiga.

18.
A festa. Estava convicta que aqueles seriam os melhores momentos da minha vida.

19.
A descoberta de Gabriel García Márquez. Obrigada titi.

20.
Ele era perfeito demais. Fui feliz durante um tempo.

- A menina quer ser professora, mas não quer experimentar ir para o ramo científico?
- Não sei, nunca tinha pensado nisso. Pode ser.

21.
Números e mais números, letras e mais letras, figuras e mais figuras... no que eu me haveria de meter!

22.
Duas alunas apenas, era a semana do caloiro. Com todo o medo com que estava, foram mais elas a conduzir a aula que propriamente eu...

23.
Amsterdão. Prometi lá voltar.

24.
Paixão que haveria de se tornar traiçoeira, muito traiçoeira.

25.
Arizona. O descanso merecido. Abordagens Lagrangiana e Hamiltoniana de Problemas de Optimização – Num Contexto Riemanniano.

26.
Talvez não tivesse valido a pena. Perdi mais do que ganhei.

27.
Finalmente uma decisão acertada, há muito que tal não acontecia por estas bandas. Um terraço fantástico. A maria adorou.

O regresso aos amigos.

28.
A maria e eu.

A volta profunda ao passado. Era inevitável.

29.
De repente lá estava eu à frente de toda aquela gente e tinha de ser em inglês... (Junior Meeting Turin)

Adeus maria.

30.
Barcelona. Inesquecível.

Volto a apaixonar-me. Sem comentários.

31.
Reencontro intrigante e inesperado. Loucura fantasiada.

O mundo das danças. Interessante.

Coimbra teve outro sabor, com a amiga por cá...

32.
Aqui estou.

29 maio 2006

...


Do meu coração ao teu
vai um parágrafo inteiro
atafulhado em letras e pontuações
consumo as vírgulas
- a ver se lhes ponho os finais mais cedo

Jorge Serafim

28 maio 2006

E eu aqui a pensar não sei bem em quê...


Pesquisas por realizar. Testes por construir. Cantos por arrumar. Paredes por pintar. Flores por tratar. Viagens por fazer.

O que eu fui descobrir... (1986)


O meu amor é tão grande
Como o céu dos passarinhos
O meu amor é borradito
E chamam-lhe coca-bichinhos

Tem bochechas de porcelana
E olhos de algodão
E anda toda a semana
a chamar-me Tio Cão.

do titi Dói-Dói



Amiga do mê coração?
Ai de mim que assim não fosse!
Ca-le gria ca-legria
Quem seria ca foi ca trouxe?

do avô carraço



No meu jardim dos amores
Nasceu uma “florinha”
- Em Maio - mês das flores,
E a quem eu chamo Liginha

Às vezes, chamo-lhe “Meu Sol”
Outras vezes, “Passarinho”,
Pela ternura que me dá
Misturada num beijinho

Que ela seja sempre assim...
- amiguinha - quem me dera!
Para que no meu jardim
seja sempre Primavera!

Um xi-coração cheio de Amor,
da Mamã



23 maio 2006

Bedazzled


Ooh-ooh, ooh-ooh, I'm bedazzled
I don't care
Ooh-ooh, ooh-ooh, I'm bedazzled
So you said
You knock me out
I don't want you
You bust me up
I don't need you
You burn me up
I don't love you
You plug me in
Leave me alone
You switch me on
I'm self-contained
You light me up
Just go away
I'm bedazzled, I'm bedazzled, I'm be-dazzled!

You glimmer
I'm fickle
You glitter
I'm cold
You shimmer
I'm shallow
You drive me wi-i-ild, you drive me wild!
You fill me with inertia

You knock me out
Don't get excited
You bust me up
Save your breath
You burn me up
Cool it
You plug me in
I'm not interested
You switch me on
It's too much effort
You light me up
Don't you ever leave off?
I'm bedazzled, I'm bedazzled, I'm be-dazzled!

I'm not available

Peter Cook / Dudley Moore

(in Tom Waits, Nick Cave and Friends; Nick Cave, Anita Lane – Bedazzled)

22 maio 2006

outras flores, outros momentos


cravos-túnicos amarelos da rotunda dos arcos

florzinha amarela da árvore encontrada pelo caminho

malmequer branco do jardim da vizinha


A rosa


Teve um desejo irracional de sentir o perfume da rosa. A flor que não era para ela, veio parar-lhe às mãos. Ficou tão feliz. Viajou por instantes.

No mesmo local, num dia já distante e talvez a uma hora mais tardia, recebera uma rosa. Uma outra rosa. E esta sim era para ela. E cada pétala tinha um beijinho. A originalidade com que as pétalas alcançavam a palma das suas mãos, encantava-a. Guardou as pétalas e os respectivos beijinhos na caixa das recordações.

Foi irracional. Oferecer-se para ficar com a rosa, que a amiga parecia não querer aceitar. Inconscientemente queria relembrar. O perfume e os beijinhos. Os beijinhos que há muito fugiram...

21 maio 2006

Valsinha


Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar

E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

Chico Buarque / Vinícius de Moraes

coisa nenhuma


Escuridão. Não encontro o interruptor.
Mal consigo ver. A luz é verdadeiramente escassa.

Frio. Não encontro o agasalho.
Estou a regelar. A temperatura está drasticamente baixa.

Fraqueza. Não encontro o alimento.
Faltam-me as forças. A despensa está assustadoramente vazia.

Vertigem. Não encontro o caminho.
Ando às voltas e voltas. O labirinto é deveras confuso.

Loucura. Não encontro a razão.
Troco as sílabas quando falo. A realidade está fora do lugar.

19 maio 2006

ladainha


Estava um velho jovem
sentado em pé
num banco de pau de pedra
a ler um jornal sem letras
à luz de um candeeiro apagado
e assim dizia calado:

Era e não era
andava na serra
com bois de bugalho
e arados de palha
o seu pai era morto
a sua mãe por nascer
o diabo do rapaz
o que na cabeça se lhe havia de meter.

Atou as pernas à cintura
e com as asas começou a correr.
Encontrou um marmeleiro carregado de avelãs
subiu por ele acima
e foi colher as maçãs.
Veio a dona do meloal:
Ah ladrão! Que andas a roubar a fruta alheia.
Atirou-lhe com uma raiz de alface à cabeça
que lhe fez um buraco no joelho.


transmitido à minha mãe nos anos 60 por uma amiga do Ervedal da Beira

Sublime!


...obnubilado por completo por um disparate genial do poeta bogotano D. José Manuel Marroquím, que enlouquecia o auditório desde a primeira estrofe:

Agora que os ladros canzoam, agora que os cantos galam,
agora que albando a toca os altos ressoos sinam;
e que os zurros burram e que os gorjeios passaram,
e que os assobios serenam e que os grunhos marranam,
e que a aurorada rosa os extensos douros campa,
perlando líquidas vertas qual eu lágrimo derramas,
e friando de tirito se bem tenha a abrasa almada,
venho a suspirar meus lanços janelo de tuas debaixas.

in Viver para Contá-la, Gabriel García Márquez

17 maio 2006

Quem é amiga, quem é?




Rifão Quotidiano


Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver o que acontecia

chegou a velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece



Mário-Henrique Leiria

inteligência


foto: Carlos Daniel

sensibilidade


foto: Carlos Daniel

sinceridade


foto: Carlos Daniel

15 maio 2006

Saudade


Repito nos meus gestos
A graça dos teus e no silêncio dos dias

Segredo sempre o teu nome. Como se estivesses
Aqui, junto de mim. É assim

Que iludo a distância
Ou a saudade que nos separa...


Kátia Andrade Simões – O Lugar Alado

Sempre gostei deste poema e já lhe dei tons diferenciados. Murmuro-o agora com o teu nome que lhe dá o som perfeito.

Alegria


Sabe a mel como a maçã...

14 maio 2006

imaginário


- Ó professora isto dá muito complicado! Tantos soluções reais! Além do zero ainda dá mais ou menos a raiz quadrada de menos cinco quartos!

- Então e quanto é que é raiz quadrada de menos um?

- Ó professora não se ponha a fazer perguntas complicadas!

mimos bons


mina e iké
- Ó vó-mim eu quero uma buné, ó vó-mim eu quero uma buné, ó vó-mim eu quero uma buné... e a vó-mim comprou uma buné!

pincel e carracita
- Amiga do coração? Quem será que a foi que a trouxe?
- Oh hum!

dói-dói e kikas
- Adeus, não afastes os teus olhos dos meus!
- Ó pá!


Li Ku


Todos os anos lá iam com a ideia familiar do convívio. O pai ia buscar o vinho verde, que lá é que era bom. Algum em comum unia as duas famílias. Os mesmos ideais. Ambas com um casalinho de miúdos.

O objectivo dela era um só, rever a amiga. Tanta ansiedade até lá chegar. Ver a sua grande amiga. Pequeninas na altura, tão cheias de alegria só lhes faltava voar. Eram as chinesinhas, assim as chamavam. De todas as vezes o mesmo acontecia. Não voavam elas mas o tempo sim, esse voava. Sabia a pouco. E havia os preliminares antes da brincadeira aquecer. Olhares tímidos, vontades de aproximar, recuos de ansiedade até que por fim se rendiam à saudade... e brincavam, brincavam, brincavam...

Ela tem saudades, muitas saudades. A amiga está longe, mais difícil de alcançar. O tempo voou tanto que anda perdido no meio das vidas das meninas que cresceram e se fizeram mulheres...


MEUS


PRIMOS e PRIMAS. Na minha família e dentro da minha geração, eu sou a que os tenho há mais tempo, fui a primeira.

O primo que será sempre o bebé. A prima que encanta quando canta, a minha priminha! O primo que está longe, muitas saudades... O primo que se diz sensível e sincero, é verdade! A prima que não vejo há tanto tempo. A prima que mal conheci. A prima esperta, filha de quem é. A outra prima que não conheço.

E tenho ainda os que não são primos destes. A prima carinhosa. O primo que cresce sem parar. A prima bonita que vai dar o primeiro bisneto à avó. O primo que herdou o nome do avô. A prima linda e pequenina.

É tão bom ter primos assim!

eu e mim


...
Alguém dentro de mim é mais eu do que eu mesma.
...

in Eu e Mim, Balacobaco – Rita Lee

Tu em mim


Bonitos momentos. Puros e intensos.
Felizes beijos. Ternas carícias.

Lembro de ti...

Foi sem (eu) querer, sem eu perceber.
Eu era a vontade, tu o meu prazer.

Triste espera a minha.
Imenso silêncio. Imenso nada.

Adormecida agora estou.
Sem forças. Cansada de tanto querer.

Parei eu. Em mim nada acabou.
Eu e mim. Tu em mim. Eu sem ti.

13 maio 2006

actual + mente


- Sinceridade?

- Sensibilidade?

- Inteligência?

Alguém as viu por aí?

12 maio 2006

expectativa


É melhor ser alegre que ser triste, a alegria é melhor coisa que existe... e a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não...

in Samba da Benção, Tanto Tempo - Bebel Gilberto

08 maio 2006

Por mim


Quero estar só. Quero estar sem. Quero não sentir. Quero ninguém.

02 maio 2006

... da pinha"


Vamos jogar às escondidas? Tu contas até uma, duas, três ou serão mais? E eu sou a “Apanhada...

Desisto! Não quero brincar mais contigo!

Bom Conselho


Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade


Chico Buarque

Bravo!


Adorava ver esse teu sorriso da Felicidade...

01 maio 2006

1 de Maio


Foi há 35 anos! Muitos e muitos parabéns!
3 anos mais tarde nasceria o primeiro rebento...

trejeitos


só eu sei brincar
e sei pular
só eu sei cantar
e sei dançar
e se eu vou sair
eu vou voltar
se choro
vai melhorar

tem gente, vendaval
tsunami ou trovão
nevada ou calor
cai gelo no sertão
são só razões para eu brincar

vem cá, vou-te ensinar uns segredos
do bem, do bom, tão bom
vem cá, vem aprender os trejeitos
são feitos para alegrar os sujeitos


Jun Miyake / Arto Lindsay, Trejeitos
(Innocent Bossa in the mirror, 2002)

desejo concretizado


vou explorar...